terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

BELEZA e AMOR ANDAM JUNTOS

Cantico dos Canticos 1:5ss


                        A mulher é apaixonada pelo seu amado e ao mesmo tempo ela possui uma auto-imagem saudável. Assim como descreve a sua intensa paixão pelo seu amado igualmente ela se apresenta como uma  mulher formosa. Na primeira expressão do primeiro poema dos cânticos, ela introduz o pensamento a respeito de si mesma de forma intrigante. A maioria das traduções traz a declaração 
                        “sou morena, mas formosa, ò filhas de Jerusalém,
como as tendas de Cedar
e os pavilhões de Salma
                        . Neste texto poético  está indicando  cor da pele que numa tradução literal seria “eu sou preta”  A comparação das cabanas a beleza da mulher estão no fato que ambas foram enegrecidas pelo sol. Embora tivesse escurecido a sua pele, a mulher não perdia a sua beleza.   A Bíblia King James, segue este pensamento quando traduz: “Eu sou negra mas bela”. A Bíblia na Linguagem de Hoje desenvolve a mesma idéia  ainda que com um certo conservadorismo:
                        “Mulheres de Jerusalém, eu sou morena, porém sou bela. Sou  morena escura como as barracas do deserto, como as     cortinas do palácio de Salomão”.
                        Ela justifica a sua cor comparando-a com imagens que trazem a sua beleza à tona. A questão que deve ser levantada é por que esta defesa da sua cor? Segundo a mulher a sua beleza esta acima de ser negra. Racismo? Preconceito?     Na antiguidade quem fazia o trabalho escravo possuía uma cor morena ou preta. A cor branca da pele era considerada um traço de alto nível social. Quem oferecia a sua força de trabalho eram homens e mulheres que trabalhavam no sol escaldante do oriente diariamente. Os ricos e aristocratas se protegiam do sol nas suas casas.      Esta defesa de beleza esta sendo feita diante “das filhas de Jerusalém” que estariam representando a aristocracia. Jovens que não trabalhavam ao ar livre e menosprezavam as mulheres que labutavam ao ar livre e a sua pele era escura. A mulher defende e expressa a sua beleza de cor. A mesma expressão em defesa da sua paixão exposta no prólogo em relação ao seu amado, agora é feita em relação de si mesma. Ser negra é ser bela.
                        Embora as tendas de Quedar pareciam ter um aspecto rústicos, áspero. Não se pode esquecer que dentro dela também estavam guardado jóias, diamantes e riquezas. Possivelmente o desejo da mulher é apresentar quem ela é externa e internamente. Da mesma forma como tinha falado do seu amado ao declarar  nos versículos anteriores “teu nome é como um óleo...” (Cf.1:3)
            Mesmo com  a sua carga diária de trabalho, ela tinha tempo para dar amor ao seu amado. E também se descobrir bela mesmo diante de uma situação social da época um tanto desvantajoso. O trabalho nem a cor impedem a beleza feminina. Eles podem se tornar aliados na descoberta da sexualidade, liberdade de amar e da beleza pessoal.  Para a mulher a entrega e recebimento de amor independe da cor e da classe social.  Amor não tem cor nem raça. Basta amar, se entregar e desfrutar do prazer oferecido por esta dádiva divina. A sua consciência da sua beleza independe da situação social. Mesmo sendo obrigada a um trabalho que não era peculiar, ela declara a sua beleza.  Ela não é soberba nem ingrata. Ela é equilibrada emocionalmente ao deixar sem questionamentos a sua beleza. Ela não usa a sua beleza para um lucro pessoal mas antes para ser oferecida ao seu amado.
            Em relação a aos pavilhões da tribo de Salma, algumas traduções trazem “como as cortinas de Salomão”. Se esta for a melhor tradução teríamos o uso de duas figuras opostas para indicar a beleza física da mulher. As barracas ásperas e rústicas de Quedar e a aristocracia das cortinas dos aposentos de Salomão. O texto pode ser traduzido como pavilhão ou cortinas decorativas. Há beleza em ambos lugares. Ao mesmo tempo a pratica do amor e o erotismo pode acontecer na barraca ou num quarto. Ambos lugares são usados para indicar não haver lugar para o amor
                       A justificativa da cor da sua pele é afirmada pela mulher””Não olheis eu ser morena: foi o sol que me queimou; ...”(BJ) O seu trabalho diário tinha queimado a sua pele. Mas a razão de trabalhar ao sol é fruto da raiva ou castigo dos irmãos, pois afirma que eles “se voltaram contra mim fazendo-me guardar as vinhas...”(BJ) Não esta clara a razão porque os irmãos fazem isto. É provável que seja uma punição em razão da quebra das tradições sociais da época. A mulher tinha escolhido o seu amado. As regras sociais  estabelecidas eram que os responsáveis pela mulher, o pai, na falta deste os irmãos mais velhos, deveriam procurar o esposo para a mulher. Mas a sexualidade e sensualidade não está atrelada a tradições sociais nem religiosas. A mulher também era livre para expor seu desejo. Ela se sentia livre para escolher o seu amado. O coração e os seus sentimentos vão além da imposições sociais
                                        O cuidado que ela devia ter com as vinhas dos seus irmãos a leva a descuidar da sua própria vinha. Alguns têm indicado que a idéia da “minha vinha” esteja apontando a sua virgindade ou ainda o seu próprio corpo. Visto que ao trabalhar diariamente no sol, a sua pele tinha escurecido,  como ela mesma já aludiu anteriormente. Ela não tinha tempo de cuidar de si mesma e tomar os cuidados necessários para se guardar para o seu amado.  A duvida está no fato se ela já tenha perdido a sua virgindade contra a sua vontade. Mas mesmo assim ela ainda esta em busca do amado da sua alma. Ela procura àquele que recebera não somente o seu corpo, mas o seu amor, o seu desejo. Ela será toda dele
                        O desejo da mulher é que esta búsqueda se concretize. Ela coloca um horário para este encontro. Ao meio dia. Possivelmente é a hora em que os rebanhos e os pastores têm a sua hora de descanso. O seu desejo particular é não haver perda de tempo. “... para que eu não vague perdida”. Se não souber exatamente o lugar onde seu amado esta; ela será obrigada a buscar entre os outros pastores o amado da sua alma. Isso poderia trazer confusão para os pastores ou os homens que a vissem vagueando. Ela poderia se confundida com uma prostituta. Era comum nas regiões de rebanhos haver prostitutas no campo ou nos caminhos (Cf.Gn:38:14ss) Ela deseja  evitar ser confundida com uma rameira. Esta é uma implicação que a jovem deseja evitar. Ela precisa ser identificada como uma mulher apaixonada pelo seu amado e não há outro para quem ela deseja entregar o seu amor. Não há desejo de sexo mas há vontade de amar. As prostitutas vendiam seu corpo. A mulher apaixonada deseja entregar-se ao amor.
 Não deseja se sentir perdida na sua busca. “Se eu não o souber serei como uma mulher coberta com véu junto aos rebanhos dos seus amigos”. Os tradutores se esforçam achar uma explicação do véu. A questão do véu confirma a necessidade de saber o paradeiro do seu amado. Deseja encontra o seu dono. Por isso se torna de urgência saber onde o pastor amado descansa com as suas ovelhas. Para ela não se “esconder” por trás de um véu. Ela deseja mostrar o seu rosto porem se descobrir tão somente ao seu amado. Enquanto não o achar ela estará “embrulhada” se escondendo.       Os companheiros do seu amado precisam saber que ela não é uma prostituta à beira do caminho ou vendendo o seu corpo. Com relação ao véu alguns intérpretes apontam que a questão de estar coberta a sua cabeça  pode estar representando a tristeza da separação e da busca pelo parceiro.
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